Cachorro obeso: Saiba o que é obesidade canina e como evitar

Os cães acabaram lucrando bastante ao longo dos séculos de domesticação, tornando-se os animais de estimação mais privilegiados entre todos os outros. Todos esses anos, o cão pode desfrutar de muito conforto, status social e luxo ao lado de seus donos, mas todas estas regalias ao longo destes anos todos também contribuiram para que estes animais desfrutassem não só das boas coisas da vida, mas também compartilhassem de todos os nossos maus hábitos.

Assim como os seres humanos, os cachorros também aprendem rápido, e com isso podem adquirir tanto os bons hábitos quando os maus com a mesma rapidez. Um deles é a superalimentação. Como nós, os animais podem sofrer com a falta de uma alimentação equilibrada, e uma das consequências diretas é a obesidade.

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Cachorro sendo alimentado pelo seu dono (Crédito/Copyright: “Boryana Manzurova/Shutterstock”)

Mas, diferente de nós, o cão não escolhe aquilo que irá comer, e só pode se alimentar do que lhe é servido, tão pouco escolhe o seu estilo de vida. Ele se adapta ao estilo de vida do seu dono mesmo que tenha que reprimir seus instintos.

Isto significa que somos os principais responsáveis pela obesidade canina. E isto deve-se ao fato de que muita gente confunde dar amor e carinho com atender as vontades do cachorro, muitas vezes substituindo toda essa atenção por comida. Esse hábito é péssimo para a saúde do cão. Além de não educá-lo, diminui ainda mais a sua longevidade.

Você sabia que a obesidade diminui em até dois anos (-15%) a expectativa de vida de um animal?

Principais causas da obesidade canina

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Cachorro sendo alimentado de maneira inadequada (Crédito/Copyright: “successo images/Shutterstock”)

A causa fundamental da obesidade é o desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético que acaba levando ao excesso calórico. No entanto, existem fatores internos (problemas hormonais, estresse) e externos (alimentação, sedentarismo) que podem ocorrer simultaneamente e levam a esse desequilíbrio.

Obesidade canina nada mais é do que o acúmulo excessivo de gordura nas zonas de depósito de tecido adiposo. Um excesso de peso igual ou superior a 20% do normal já indica obesidade. Como nos humanos, os problemas de saúde no cão começam a aparecer quando o peso se iguala ou ultrapassa os 15% da normalidade.

Alimentação, sedentarismo e estresse

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Cachorro se alimentando com ração canina adequada (Crédito/Copyright: “Ekaterina Markelova/Shutterstock”)

No Brasil, aproximadamente um terço dos cães de estimação ou 30% a 40% dos cães sofrem com a obesidade, e esse percentual só vem aumentando a cada ano. Um dos fatores mais comuns é a alimentação em excesso ou inadequada. Contudo, a má alimentação não é a única causadora de obesidade canina, este aumento deve-se principalmente ao estado de sedentarismo em que estes cães têm vivido.

A falta de tempo dos donos de passear com seus cães e estimulá-los a fazer exercícios leva ao sedentarismo que aliado à uma dieta excessiva, muitas vezes para compensar essa falta, é um dos principais causadores do problema. Outro fator menos convencional e mais frequente, é o excesso de consumo alimentar de origem psicológica conhecido por obesidade do stress. Um cão com boa saúde pode tornar-se bulímico em resposta ao stress ou a um choque psico-afetivo. Ou ainda, um cão que não tem seus instintos caninos supridos ou que não recebe os estímulos físicos e mentais necessários para o seu bom desenvolvimento torna-se um cão estressado, e consequentemente, obeso.

Castração

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Pug obeso castrado (Crédito/Copyright: “Olena Savytska/Shutterstock”)

Tirando a má alimentação, o sedentarismo e o estresse, há também outros fatores que podem contribuir ou causar obesidade nos cães. Um deles é a castração. Apesar de não ser um grande vilão para a saúde dos cães, os cachorros castrados, principalmente as fêmeas, tendem a engordar mais que outros.

Isto porque a castração faz com que o cão deixe de produzir um hormônio que inibe o apetite. Mas não é por isso que deve-se deixar de castrar o seu cachorro. A castração é muito importante para a saúde do animal e a obesidade pode ser facilmente controlada. Ao contrário do que muitos pensam, castração seguida de uma boa educação alimentar não engorda e ainda pode controlar o peso.

Problemas hormonais

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Buldogue inglês lutando contra a balança para manter seu peso ideal (Crédito/Copyright: “WilleeCole Photography/Shutterstock”)

A outra porção de cães obesos são afetados por problemas hormonais como por exemplo o hipotireoidismo, que somente o veterinário poderá diagnosticar e ajudar tratar. Estima-se que 25% dos cães obesos sofrem de hipotiroidismo.

Outra hipótese, é a raríssima lesão do hipotálamo (um tumor por exemplo), que nada mais é que o centro da saciedade. Uma perturbação no seu funcionamento pode ser responsável por uma fome descontrolada ou fora do comum. Qualquer que seja a causa da obesidade no cachorro, simples cuidados podem melhorar a saúde do animal e resolver o problema de sobrepeso para, assim, melhorar a sua saúde.

Como identificar a obesidade canina

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Pug obeso sentado no jardim de casa (Crédito/Copyright: “Ezzolo/Shutterstock”)

Como já dissemos, a obesidade é mais “um acúmulo excessivo de gorduras do corpo” do que “excesso de peso”, pois este excesso pode ser tanto uma retenção de água ou massa muscular. No entanto, a avaliação da gordura é relativamente subjetiva, e deve-se sempre levar em conta cada indivíduo, a raça ou a morfologia do cão. A obesidade pode ser identificada fisicamente por uma certa deformação, devido aos depósitos de gorduras generalizadas ou localizadas em certas partes do corpo — normalmente, na linha da base da cauda.

Para o diagnóstico, o veterinário faz um rápido exame de apalpação do tecido adiposo que cobre o tórax. É possível também recorrer a tabelas de medidas editadas pelos clubes de raça, porque, de uma raça para outra, para uma mesma altura e cernelha, os pesos variam muito. Mas, para nós, simples mortais, observar bem a forma física do animal atentando para qualquer alteração é o suficiente para verificar sinais da obesidade. Além disso, é necessário estar sempre atento ao seu animal, para as mudanças comportamentais.

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Labrador sendo examinado pela veterinária (Crédito/Copyright: “ESB Professional/Shutterstock”)

Cães com peso normal apresentam, vistos de cima, o dorso em forma de uma ampulheta. Para saber se o cachorro está obeso, um dos primeiros sinais e o mais fácil de ser notado é a perda da cintura, que acaba por esconder suas costelas, impedindo até de senti-las na palpação. Um cão saudável só precisa de um pouco de massa e uma cintura visível sem nenhuma barriguinha saliente. Outros dados úteis para o diagnóstico da obesidade são a avaliação da forma de andar, a tolerância ao exercício físico e o aspecto geral do animal.

Contudo, o diagnóstico da obesidade em cães deve incluir um exame completo, para avaliar a presença de ascite, edema, doenças da tireoide, doenças das adrenais ou diabetes mellitus. Descartadas quaisquer dessas doenças, uma cuidadosa comparação do peso atual do cachorro com medidas prévias ou com o peso registrado assim que o animal entrou na idade adulta poderá evidenciar um aumento anormal de peso.

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Cachorro Labrador retriever e sua veterinária (Crédito/Copyright: “Billion Photos/Shutterstock”)

Em resumo, os sinais de obesidade em cães são:

  • a impossibilidade de visualizar suas costelas ou não senti-las, à palpação;
  • a ausência de gordura ao redor de seu pescoço, ou ausência de dobras na pele, em raças que possuem estas como característica;
  • a ausência de definição da linha da cintura, quando visto de cima.

Como tratar a obesidade canina

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Chihuahua em dieta alimentar (Crédito/Copyright: “Javier Brosch/Shutterstock”)

Se o seu cãozinho está cerca de 15% acima do peso ideal, ele já é considerado obeso. O primeiro passo para tratar é identificar imediatamente a causa. Na maioria dos casos, muitos donos passam seus próprios maus hábitos para seus cães. Se neste caso, o dono for propenso a uma má alimentação e ao sedentarismo, há grandes chances destes maus hábitos serem transferidos ao cão e estas serem as causas do seu peso excessivo.

Uma alimentação em grande quantidade, ou baseada em alimentos humanos ou em sobras pode ser extremamente prejudicial, uma vez que não possuem os nutrientes essenciais para a sobrevivência do animal. Além disso, o organismo canino não processa a maioria dos alimentos que nós consumimos, como doces, alimentos industrializados e com muita gordura ou condimentos, como queijos (que são muito gordurosos), pão, frios e até chocolate, que é tóxico e pode matar.

Não é adequado dar tudo que estamos comendo para nossos cães. Não fique com dó ou achando que ele vai passar vontade, saiba que o animal eventualmente se acostumará com o “não” e vai parar de pedir. Para evitar essas situações, não permita que ele permaneça por perto durante as refeições em família.

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labrador comendo ração canina (Crédito/Copyright: “Jaromir Chalabala/Shutterstock”)

Se ele está acostumado a comer grandes quantidades todos os dias, deve-se diminuir gradualmente esta quantidade de ração. O animal só precisa de uma quantidade de alimento dividida em duas vezes ao dia, e ela tem que ser, em média, na mesma quantidade de calorias que o cão gasta no seu dia-a-dia.

O ideal é que ele faça três refeições ao dia, em porções de acordo com a raça do animal, para adquirir todos os nutrientes necessários para seu crescimento e não ganhar peso em excesso, havendo um intervalo entre as refeições. O veterinário poderá receitar uma dieta à base de ração especial, em que haja os nutrientes necessários e quantidade certa para cada animal para que se alimente de maneira adequada e não passe fome.

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Buldogue francês correndo na rua (Crédito/Copyright: “Mikkel Bigandt/Shutterstock”)

Se além de se alimentar mal, o cachorro não faz exercícios, as chances dele só aumentam. Já o sedentarismo pode ser facilmente corrigido com passeios diários ou brinquedos e atividades que façam o cachorro se movimentar e, assim, gastar energia e calorias. Os esportes caninos, como o agility é uma ótima opção para o combate ao sedentarismo. Entre as formas de exercício recomendadas, encontra-se caminhar, correr, atirar objetos para que os recolham ou vários tipos de brincadeiras. Saiba mais sobre quais são as atividades preferidas do cão. O importante é que o exercício seja realizado de forma contínua durante toda a vida do animal.

O exercício físico ajuda a regular a ingestão alimentar. Em estudos realizados com pessoas e animais, observou-se que, durante um exercício físico moderado mas significativo, a ingestão calórica varia proporcionalmente com o gasto energético, enquanto que a diminuição da atividade até um nível de sedentarismo produz aumento da ingestão alimentar e ganho de peso.

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Labrador correndo na praia com sua dona (Crédito/Copyright: “gorillaimages/Shutterstock”)

Os exercícios serão recomendados pelo médico veterinário, conforme o estágio de obesidade do cão, já que ele pode ter dificuldade, no início, para se exercitar e não deve haver excessos. Para quem não tem tempo ou simplesmente não gosta muito de praticar exercícios físicos, existem lugares especializados a dar esse momento de lazer aos cães, como os famosos “spas” para animais, mas é importante você reconhecer essa falha e repensar a posse responsável do animal.

A obesidade também pode estar relacionada a uma ração muito energética, por isso a solução é buscar o equilíbrio ou um balanço positivo de energia. Segundo nutricionistas, para uma alimentação equilibrada, este balanço deve ser nulo, ou seja, os acréscimos alimentares devem compensar exatamente os gastos enérgicos devidos à atividade física (esporte, caça, guarda, etc) ou às necessidades fisiológicas (crescimento, gestação, lactação, luta contra o frio, etc). Se os acréscimos forem maiores do que as necessidades, mesmo durante um curto período da sua vida, o cão engordará. É o mesmo que acontece com os seres humanos.

Se você come mais do que gasta, você engorda. Se gasta o que come, mantém o peso. E se gasta mais, emagrece.

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Golden retriever sendo examinado (Crédito/Copyright: “ESB Professional/Shutterstock”)

Basta levar isso em consideração quando for pensar no cachorro. Se você seguir a recomendação de quantidade da embalagem da ração e não oferecer comida extra, além de passear diariamente com seu cão, dificilmente ele se tornará obeso.

Se no caso, a obesidade estiver sendo causada por problemas hormonais ou outras doenças, o diagnóstico e tratamento adequado deverá ser devidamente prescrito pelo veterinário e deverá ser seguido à risca pelo dono afim de evitar maiores complicações futuras.

Principais consequências

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Cachorro enrolado em fita métrica (Crédito/Copyright: “Boryana Manzurova/Shutterstock”)

Para que a obesidade não acometa o seu cachorro, é necesário entender as consequências nocivas que o excesso de gordura pode trazer a ele para assim poder evitar que aumente ou que se produza. A obesidade canina sozinha não leva o cão a óbito, mas aumenta sensivelmente o risco de algumas doenças graves como problemas respiratórios, cardiovasculares, diabetes, dores nas articulações e muitos outros problemas de saúde, que tornam a vida do animal difícil e, dependendo da complexidade, podem, sim, levá-lo ao óbito. Por esse motivo, é importante conhecer a sua causa para evitá-la ou iniciar o tratamento adequado.

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Pug fora do peso ideal deitado (Crédito/Copyright: “Chonlawut/Shutterstock”)

Aumenta o risco em cirurgias

  • Em caso de cirurgias, se o animal precisar de anestesia, a dose necessária em um animal obeso deverá ser maior do que em um saudável, fazendo com que o procedimento fique mais arriscado;

Maior pressão sobre o coração, pulmões, rim e articulações

  • Quase todos os órgãos do cão têm de aumentar o seu ritmo de atividade para manter o maior volume de massa do animal. Esse aumento do trabalho cardíaco pode produzir um esforço adicional ao coração e aos outros órgãos já debilitados pela infiltração de gorduras;

Agravamento de doenças articulares

  • O aumento de peso faz com que o cão tenha de forçar mais as articulações para se poder movimentar. A artrite, que provoca dores intensas e impede de realizar diversos movimentos, pode se desenvolver devido ao aumento da pressão sobre joelhos, anca e cotovelos. Esta condição é ainda mais preocupante nas raças de porte grande que são já predispostas a desenvolver displasias. Os locais mais afetados são os joelhos e cotovelos;

Problemas de coluna

  • Assim como nós, humanos, os problemas vertebrais de efeito físico por carregar um excesso de peso estão presentes em cães obesos, dificultando a prática de diversos movimentos;

Desenvolvimento de problemas respiratórios em temperatura elevada e durante exercício físico

  • Num cão obeso os pulmões têm menos espaço para se encherem de ar e têm em contrapartida de aumentar a sua capacidade de captação de oxigênio para fornecer ar ao maior número de células no corpo, causando uma maior intolerância ao calor e ao exercício, ficando cansado mais rapidamente;

Desenvolvimento de diabetes

  • Doença sem cura que pode obrigar a injeções diárias e pode levar à cegueira. A incapacidade de produção de insulina para processar os níveis aumentados de açúcar está por detrás do desenvolvimento de diabetes. A obesidade pode levar à intolerância à glicose e hiperinsulinemia (altas taxas de insulina no sangue). Assim como nos seres humanos, a obesidade altera o equilíbrio da insulina e é fator do desenvolvimento da diabetes melito. Cães obesos e diabéticos podem desenvolver, com maior risco, pancreatite aguda (doença inflamatória do pâncreas);

Aumento da pressão sanguínea associado à problemas cardíacos

  • O coração é um órgão bastante afetado pela obesidade. O coração tem de aumentar a sua capacidade de distribuição de sangue a muitos mais sítios que se foram criando com a acumulação de massa. Como o sangue tem de percorrer um caminhos mais longos, a força ou pressão com que é bombeado tem de aumentar;

Aumento da probabilidade de desenvolver tumores

  • Estudos recentes associam o desenvolvimento de câncer, sobretudo mamário ou no sistema urinário, com a obesidade;

Perda de eficácia do sistema imunológico

  • As doenças virais parecem afetar de forma mais agressiva os cães com excesso de peso;

Problemas gastrointestinais

  • Diarreia e o aumento da flatulência ocorrem com mais frequencia em cães obesos.

Raças mais suscetíveis à obesidade canina

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Buldogue francês acima do peso ideal roendo um cinto (Crédito/Copyright: “sarawutnirothon/Shutterstock”)

Todas as raças podem desenvolver a obesidade. Não há uma raça que esteja livre, e o Labrador, por exemplo, uma das raças mais populares no país, é um dos líderes no quesito propensão à obesidade. Além dele, são outros fortes candidatos a obesidade se não tomar cuidado:

Fonte: Nutrição Felina e Canina Manual para Profissionais – L. P. Case et all., 1998, Ed. Harcourt Brace – pág. 251)

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