Como 100 anos de reproduções arruinaram 10 raças de cachorros

10 raças de cachorros populares arruinadas pela reprodução excessiva

O lado negativo da popularidade: cruzamentos em larga escala prejudicam raças de cachorros ao longo dos anos.

Por séculos, os cachorros têm convivido lado a lado com os humanos, não só oferecendo companhia como também lealdade irrestrita e amor incondicional, e trabalhando junto de nós desempenhando tarefas pertinentes às suas características físicas e mentais de suas raças.

Durante toda a história desta convivência canina, os humanos vem formatando e alterando a aparência física e os atributos dos cachorros para que eles ficassem mais adequados a desempenhar tarefas específicas. Isolando certas características desejadas, como tamanho e peso, formato de corpo e cabeça, estrutura muscular, instinto de presa, textura de pêlos, comprimento e cor, os humanos acabaram obtendo sucesso ao criar mais de 300 raças distintas e únicas.

No entanto, com a popularidade dos eventos de conformação de raças e exposições, muitas raças começaram a ser reproduzidas apenas pela aparência, com certas características físicas, mesmo aquelas que são obstáculos para desempenhar as tarefas que antes eles foram criados para desempenhar, tornando-as mais desejáveis e mais importantes que a saúde, vitalidade e qualidade de vida do cachorro.

Em 1915, W.E. Mason coletou informações e escreveu “Dogs of All Nations” (Cachorros de todas as Nações), um livro que detalhava cada variedade de uma raça de cachorro que existia, naquela época, sendo reproduzido fiel ao seu tipo e certos atributos, na maioria para desempenhar uma tarefa específica.

Hoje, cerca de 100 anos mais tarde, muitas das raças descritas e ilustradas neste livro mal são reconhecidas devido à estas reproduções para melhorar certas características, especialmente físicas. Muitas delas já foram raças saudáveis e vibrantes, mas agora sofrem de complicações genéticas de saúde, problemas de respiração, disfunção óssea e muscular, e muito mais – tudo resultado destas “melhorias” da raça. Não acredita? Então dê uma olhada nas lista abaixo e veja como as suas raças favoritas mudaram nos últimos 100 anos.

1. Bull Terrier

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Bull Terrier moderno em sua casa, protegendo sua família. (Crédito/Copyright: “Por Georgiy Myakishev/Shutterstock”)

Há 100 anos atrás, o Bull Terrier era bem diferente na aparência comparado ao seu padrão de raça de hoje. Musculoso e atlético, porém de cintura esbelta, com um crânio reto, largo e levemente inclinado, Bull Terriers eram a encarnação da agilidade, graça e determinação, e eram considerados uma das raças mais fáceis de serem treinadas e controladas. Hoje o Bull Terrier possui um crânio oval muito distinto e um abdômen mais grosso, nem tão esbelto quanto antes. Eles normalmente sofrem de problemas musculares e ósseos como luxação patelar, complicações cardíacas e alergias, e ainda mais comumente, comportamentos compulsivos.

2. Chow Chow

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Chow Chow e sua língua azul característica da raça. (Crédito/Copyright: “Por PHOTOCREO Michal Bednarek/Shutterstock”)

Chow Chows de 100 anos atrás eram reproduzidos com uma pelagem densa média a curta, e um focinho reto e longo. Uma antiga raça Chinesa, Chows serviram como cão de caça, apontador de pássaros para nobres. Hoje, o Chow é drasticamente diferente, com uma pelagem longa, grossa e com um focinho bem mais curto. Chows modernos possuem os olhos tão profundos que a sua visão periférica foi quase que completamente reduzida. A raça está predisposta a certos problemas ósseos e musculares incluindo displasia de quadril e cotovelos, torção gástrica e uma variedade de doenças genéticas de visão.

3. Basset Hound

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Besset Hound filhote no jardim de sua casa. (Crédito/Copyright: “Por everydoghasastory/Shutterstock”)

Embora Basset Hounds de 100 anos atrás tinham a aparência parecida, com patas traseiras curtas, orelhas relativamente longas e um corpo alongado. Já os Bassets de hoje são bem mais exagerados na aparência que seus ancestrais. Os Bassets de hoje possuem patas traseiras muito mais curtas, orelhas bem mais longas, pele excessivamente solta, e costas muito mais longas. Por causa destes supostos aprimoramentos na aparência física, Basset Hounds sofrem de osteocondrite dissecante, uma doença de junta muito dolorosa que afeta os ombros, cotovelos e joelhos, assim como outras disfunções ósseas e musculares. Excesso de pele, especialmente na face, também causam o caimento das pálpebras inferior e olhos com uma variedade de condições sérias de visão. A raça também exige cuidados extra para prevenir infecções.

4. Boxer

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Boxer filhote de pelagem malhada no jardim de sua casa. (Crédito/Copyright: “Por stefan johansson/Shutterstock”)

Boxers de 100 anos atrás eram reproduzidos com patas traseiras e focinho mais longos. Eles eram fortes, atléticos e mostravam enorme resistência. O Boxer de hoje, no entanto, possui um focinho tão curto que eles foram classificados como cachorros braquicefálicos, ou de focinho-achatado. Não só o Boxer moderno tem o focinho mais curto, como hoje é também levemente virado para cima. Este focinho encurtado acaba acarretando complicações incluindo problemas de respiração e dificuldade em regular a temperatura do corpo. Estes problemas inerentes têm apresentado limitações nas habilidades da raça em desempenhar certas atividades, especialmente em temperaturas mais quentes ou mais frias. O seu peitoral profundo e cintura fina faz com que a raça fique suscetível a torção gástrica, e além disso, Boxers são também uma das raças que mais desenvolvem câncer.

5. Buldogue Inglês

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Buldogue Inglês adulto sorrindo alegre e feliz. (Crédito/Copyright: “Por dekonne/Shutterstock”)

Um dos melhores exemplos de reprodução para características específicas que deram errado, o Buldogue inglês de hoje mal se parece com seus ancestrais saudáveis, ágeis e funcionais. Buldogues modernos sofrem de várias doenças e complicações como resultado de reproduções para melhorar certas características. Narinas estreitas e um palato longo e mole cria um potencial para problemas severos de respiração. Por causa disso, Buldogues são altamente suscetíveis à exaustão por aquecimento. E literalmente é exigido um esforço incrível dele para simplesmente respirar normalmente. Alguns dos principais problemas de saúde do Buldogue são ceratoconjuntivite sicca, defeito septal ventricular, displasia de quadril, luxação de ombros e patela, cauda internalizada, problemas de visão e pele e muito mais. Muitos Buldogues são fisicamente incapazes de acasalar ou dar à luz sem intervenção médica.

6. Dachshund

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Dachshunds na grama do jardim sempre à postos. (Crédito/Copyright: “Por Popova Tetiana/Shutterstock”)

Dachshunds de um século atrás eram considerados muito mais funcionais, com patas mais longas e costas bem menos alongadas que seus companheiros modernos. Bem perto do chão e esguios, Doxies, um de seus apelidos, eram desenvolvidos e usados para perseguir e exterminar texugos e caçar coelhos e raposas. Além de ter orelhas e focinhos alongados, os Dachshunds modernos possuem pescoços mais longos costas mais compridas, e patas mais curtas comparados aos seus ancestrais. Como resultado, Dachshunds têm um risco enorme de doença de disco intervertebral, e muito suscetíveis a danos na espinha que podem causar paralisia.

7. Pastor alemão

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Pastor Alemão e filhote deitados na varanda de sua casa. (Crédito/Copyright: “Por Liliya Kulianionak/Shutterstock”)

Como o Buldogue Inglês, o Pastor Alemão é outra raça que já sofreu horrores nas mãos de criadores no último século. Uma vez de porte médio com costas retas e longas, patas firmes e robustas, o Pastor Alemão moderno está drasticamente diferentes em tamanho, aparência e andar. Hoje, o Pastor Alemão é muito maior de tamanho, considerado até de porte grande. Suas costas, não mais reta, mas extremamente inclinada. Suas patas traseiras, que uma vez altas e robustas, agora parecem que estão sempre dobradas sob o joelho. Como resultado das alterações musculoesqueléticas, os Pastores Alemães são altamente suscetíveis a displasia de quadril e cotovelo, torção gástrica e muitas outras de problemas de saúde genéticos.

8. Pug

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Pug bege e sua carinha meiga e dócil.(Crédito/Copyright: “Por Ekaterina Podzigoun/Shutterstock”)

Pugs de séculos atrás eram menores que os Pugs de hoje, com patas mais proporcionais e uma face bem menos achatada. O Pug é outra raça extremamente braquicefálica e possui todos os problemas associados à esta característica – pressão alta, problemas cardíacos, baixa oxigenação, dificuldade para respirar, tendência à superaquecer, problemas dentários, e dermatite cutânea. Além disso, a cauda enrolada altamente desejada é um defeito genético, e em formas mais sérias pode levar à paralisia.

9. São Bernardo

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São Bernardo adulto e seu olhar compenetrado e sério. (Crédito/Copyright: “Por Ad Oculos/Shutterstock”)

São Bernardos tem sido sempre grande em tamanho e estatura, mas a forma da face e pelagem mudou bastante neste último século. Uma vez reproduzido para trabalhar, hoje os São Bernardos mal são colocados para trabalhar pois o focinho curto deles faz com que a respiração e o regulamento da temperatura do corpo seja um tanto difícil. São Bernardos modernos sofrem de muitos problemas de saúde incluindo displasia de quadril e cotovelos, torção gástrica, osteosarcoma, condições sérias de visão e outros problemas genéticos. Eles também podem ser suscetíveis a condições cardíacas, diabetes, epilepsia e problemas de pele. conditions.

10. Pastor de Shetland

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Pastor de Shetland ou Shletie deitado no chão da sala em momento de descanso. (Crédito/Copyright: “Por OlgaOvcharenko/Shutterstock”)

Chamado carinhosamente de Sheltie, o Pastor de Shetland de 100 anos atrás era muito menor que seus descendentes modernos. Ao contrário dos Shelties modernos, eles tinham pêlos de comprimento médio e um focinho mais largo e mais curto. Reproduzido para ser consideravelmente maior, o Pastor de Shetland de hoje pesa mais e possui muito mais pêlos. Os donos de Shelties modernos são sempre aconselhados a checar a saúde deles, especialmente os olhos, quadril, e tireóide, já que a raça agora é geneticamente predisposta a certas doenças e doenças nestas áreas. As reproduções constantes também acabaram criando aquilo que chamamos de “merle-duplo” nesta raça, um resultado de cruzamento muitas vezes letal entre duas espécies de pelagem merle (alteração genética) que sempre resulta em cegueira, problemas de audição e surdez total e outros problemas sérios de saúde.

Embora muitas raças de cachorros estejam drasticamente diferentes de seus ancestrais, isto não quer dizer que todas as reproduções são ruins e precisam ser impedidas. Criadores respeitáveis costumam considerar a saúde e vitalidade do cachorro acima de tudo e principalmente apenas por características físicas. No entanto, até que os eventos de conformação e juízes incluam saúde e genética como parte dos critérios, infelizmente nós continuaremos a ver mudanças drásticas e ameaçadoras à saúde das nossas raças favoritas pelos próximos 100 anos.

2 comentários em “Como 100 anos de reproduções arruinaram 10 raças de cachorros”

  1. Pra mim ter um cachorro macho é um primeiro irmão por que é um sonho ter um cão filhote para eu e minha familia se acomoda e o cachorro se acustubar comigo

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  2. Engraçado que quando decidimos comprar um cachorro nunca pensamos sobre isso, o que cada raça teve que passar ao longo desses anos – vamos pela aparência ou influenciados pela moda. Muito boa informação. Adotar é sempre um boa saída!

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