Buldogue Francês

O Buldogue Francês é um cão de companhia de porte pequeno oriundo da Inglaterra. Contudo, a sua história está ligada a marginalização britânica que sofreu durante o século XIX.

Uma época em que Buldogues eram aceitos em apenas um único tamanho na Grã-Bretanha, sendo rejeitados os cachorros da raça que nasciam menores. Foi então que, levados à França por artesãos ingleses, estes pequenos cães passaram a se desenvolver em tamanho miniatura.

Os Buldogues franceses foram criados primeiramente para caçarem ratos, mas após figurarem em pinturas de Degas e Toulouse-Lautrec, tornaram-se muito populares inclusive na própria Inglaterra. De personalidade dita entusiástica, energética, tranquila e travessa e aparência curiosamente atraente com suas “orelhas de morcego”, logo ficou na moda.

Ele ainda compartilha de muitas outras características do seu ancestral Buldogue como o baixo centro de gravidade, corpo largo, ossos pesados, uma cabeça grande e quadrada, pele solta formando rugas na cabeça e nos ombros.

Mas ao contrário do Buldogue, ele possui uma expressão alerta, curiosa, e seus movimentos são soltos e livres, com alcance e propulsão.

Saiba mais sobre o Buldogue Francês abaixo:

Índice de conteúdo:

Fica Técnica da raça

Origem: Inglaterra, levado à França
Data de origem: século XIX
Grupo de Raças: FCI Grupo 09 – Cães de companhia – molossóides de pequeno porte / Mastife, AKC Não-esportistas.
Função original: cão de caça
Função atual: cão de companhia
Tamanho: porte pequeno à médio
Altura: 30 cm
Peso: de 09 kg a 10 kg / de 10 kg a 13 kg
Cores: fulvo, malhado, vermelho tigrado e preto tigrado.
Pelos: curtos, lisos, rente à pele.
Manutenção: fácil, escovações ocasionais, banhos mensais
Expectativa de vida: cerca de 08 a 12 anos
Reconhecimento (Canil): CKC, FCI, AKC, KCGB, CKC, ANKC, NKC, NZKC, APRI, ACR, DRA, NAPR, ACA.

Introdução à raça Buldogue Francês

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Dupla de Buldogues franceses passeando na rua (Créditos/Copyright: “Elena Itsenko/Shutterstock”)

O Buldogue francês é charmoso, inteligente e tem senso de humor. Ele adora brincar e entreter a sua família, assim como gastar o seu tempo relaxando no sofá com a sua pessoa favorita. É agradável, doce e adora chamar atenção.

Todo esse entusiasmo e atitude tranquila é também levada para as sessões de treinamento, pois são cachorros inteligentes e o seu treinamento pode ser fácil desde que seja divertido. Eles são cães de pensamento livre, um tanto teimosos, e não são uma raça ideal para competir em agilidade ou obediência.

Os Buldogues franceses são companheiros amáveis que adoram o contato humano. Às vezes, ficam até muito ligados em seus donos, o que não faz dele a melhor escolha para quem costuma ficar longe por longas horas todos os dias.

Isto significa também que ele não pode viver isolado no jardim ou canil, mas sempre dentro de casa como um membro da família. Portanto, é o tipo de cão que precisa de muito amor por parte da sua família ou seu dono.

Socialização é uma exigência

Eles costumam se dar bem com todos, e por isso está entre as melhores raças de cahorros para crianças. Mas podem, entretanto ser territoriais e possessivos, especialmente na presença de outros cães.

Socialização é uma necessidade para esta raça, mas com o seu temperamento fácil, esta tarefa não será difícil. Devido a sua natureza bem humorada, porém travessa, o Buldogue Francês precisa de um dono que seja consistente, firme, e paciente.

Eles também podem ser excelentes cães de guarda apesar do tamanho pequeno, apenas para alertar a aproximação de estranhos, mas não é o seu estilo latir sem razão. São protetores e capazes de defender sua família e ao lar com a própria vida.

Espaço não é essencial, mas companhia sim!

Eles não precisam de muito espaço e são perfeitos para viver em apartamentos, desde que façam caminhadas diárias de pelo menos 15 minutos para mantê-los em forma e saudável.

Mas é bom mantê-lo em ambiente fresco e confortável. Ele é suscetível a exaustão por aquecimento, pois como toda raça braquicefálica, ou de “cara achatada”, ele possui dificuldades para regular a temperatura do seu corpo.

Quando o Buldogue Francês é a combinação perfeita, é impossível ter um só, tanto é que o Buldogue francês está entre as raças mais populares e mais vendidas no Brasil. E por ser tão querido, acabou também entrando para a lista das raças mais visadas por ladrões, portanto, proteja o seu cãozinho e não dê mole com ele por aí.

Origem da raça Buldogue Francês

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Buldogue francês deitado na grama (Créditos/Copyright: “Csehak Szabolcs/Shutterstock”)

No século XIX, o Buldogue era bastante popular na Inglaterra, especialmente ao redor de Nottingham, sendo que algumas destas espécies às vezes nasciam bem pequenas.

Estes pequenos exemplares costumavam ser descartados, pois os maiores eram criados para serem usados em combates com touros, o famoso esporte conhecido por Bull-baitin.

Foi então que artesões fabricantes de rendas decidiram desenvolver versões miniaturas a partir destes pequenos exemplares, chamadas de “cães de colo” ou “Buldogue toy”.

A fama parisiense

Por volta de 1860, quando a Revolução Industrial levou os artesãos à França a procura de melhores oportunidades, estes cães acabaram sendo levados junto também. As mulheres francesas logo se apaixonaram pelos Buldogues miniatura, especialmente pelas suas orelhas eretas (uma característica detestada na Inglaterra).

Criadores trouxeram mais espécies com eles, e logo o Buldogue virou moda em Paris, e passou a ser chamado de Buldogue Francês. Ao final dos anos 1800s, a raça chamou a atenção da aristocracia francesa e passou a fazer parte dos lares mais abastados na França. Eventualmente, a raça até voltou a aparecer pela Inglaterra em competições.

Os ingleses não ficaram nada felizes com a adição do “francês” ao nome da raça, que originalmente era inglesa, mas o Buldogue francês já era tão popular na França que a denominação acabou ficando e os ingleses tiveram que engolir essa.

Disseminação da raça pelo mundo

Por volta da mesma época, turistas americanos levaram vários exemplares para os Estados Unidos para criar a raça por lá, onde logo também ficaram muito populares. A sua popularidade entre a alta sociedade também prosperou, e por volta de 1913 eles já estavam entre os cachorros mais populares nos Estados Unidos da América.

Ao final do século XIX e início do século XX, os Buldogues franceses se tornaram uma febre entre a classe boêmia de Paris: senhoritas da noite, artistas, escritores, como o novelista Colette, e o pintor impressionista Toulouse Lautrec que pintou um exemplar da raça em um de seus quadros, o “Le Marchand des Marrons”.

Aparência do Buldogue Francês

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Buldogue francês filhote deitado no chão (Créditos/Copyright: “Patryk Kosmider/Shutterstock”)

O Buldogue Francês é um cão de porte pequeno, compacto, forte com uma estrutura óssea pesada e uma aparência geral que denota inteligência, força e curiosidade. Todas as partes dele são proporcionais, e nenhum único detalhe é excessivamente proeminente ou desequilibrado em comparação ao resto do corpo.

A sua cabeça é quadrada, grande com o topo do crânio reto entre as orelhas e uma testa arredondada. O focinho é largo e profundo com bochechas e uma parada bem definida e proeminente com um nariz preto, que pode ser mais claro nos cães mais claros.

Os lábios superiores caem sobre os inferiores, os dentes se fecham em “underbite” sendo a mandíbula inferior quadrada e profunda. Seus olhos redondos e proeminentes são afastados um do outro e escuros. Suas orelhas de “morcego” são eretas, largas na base afinando em formato triangular até as pontas, emprestando-lhe uma expressão atenta.

Seu pescoço é grosso e bem arcado, com pele solta na garganta. Suas costas é forte, curta e larga nos ombros, com costelas bem desenvolvidas, formando o desenho de uma pêra.

As patas dianteiras são robustas, bem musculosas, e bem separadas, com pés médios, compactos e firmemente plantados. E as pernas traseiras são mais longas do que os membros anteriores, de modo que a sua garupa é mais elevada acima dos ombros.

O rabo é reto ou parafusado, curto, baixo e grosso na base. Sua pelagem é curta, macia, brilhante e fina. A pele é solta, formando rugas ao redor da cabeça e ombros, com uma textura macia. As cores podem ser malhadas com branco, creme, castanho, branco, preto, cinza, e podem tem ter uma máscara, e marcas.

Ambiente Ideal para o Buldogue Francês

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Buldogue francês filhote dormindo confortavelmente no colinho do seu dono (Créditos/Copyright: “Patryk Kosmider/Shutterstock”)

Os Buldogues Franceses estão entre as melhores raças de cachorros de companhia para viver em apartamentos. Eles podem ser um tanto ativos dentro de casa, mas podem ficar sem um jardim. Não toleram temperaturas muito extremas, e super aquecem facilmente, por isso preferem climas mais amenos.

Temperamento & Personalidade do Buldogue Francês

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Buldogue francês no colo de sua dona recebendo um carinho (Créditos/Copyright: “woottigon/Shutterstock”)

O temperamento de qualquer cão é afetado por inúmeros fatores, incluindo hereditariedade, treinamento, e socialização. Os filhotes que possuem bons temperamentos costumam ser curiosos e brincalhões, costumam se aproximar das pessoas e gostam de ser carregados por elas.

Como todo cão, o Buldogue Francês precisa de socialização desde filhote — o exponha à diferentes pessoas, locais, sons, cenas e experiências. A socialização ajuda a garantir que o seu Buldogue cresça saudável para tornar-se um cão bastante sociável.

Buldogues são afetuosos e amigáveis

O Buldogue Francês é uma companhia agradável, fácil de cuidar, brincalhona, alerta, bem comportada e afetuosa. Ele é entusiasmado e vívido, sem ser barulhento. Curioso, doce e absolutamente hilário, possui uma personalidade cômica e adora fazer palhaçadas.

É inteligente e tranquilo, e precisa passar muito do seu tempo com a sua família. Definitivamente, ele não é do tipo que se mantém em canil ou fora de casa confinado ao jardim, ele precisa ficar no ambiente familiar.

Com a socialização adequada o Buldogue Francês pode se dar bem com outros cães, mas não deve ser deixado sozinho com crianças pequenas, pois não costuma tolerar ser maltratado por elas.

São um pouco apreensivos com estranhos, mas a maioria é amigável com todos que se aproximam ou que lhe ofereçam colo, por esta razão estão entre as melhores raças de cachorros para crianças.

Frenchies precisam de liderança

Esta raça precisa de liderança e não amadurecerá sem isso. Ele não tolera ser ignorado. Quando sente que seu dono é fraco ou passivo demais, pode se tornar teimoso e até surtar. Este tipo de comportamento é conhecido por Síndrome do Cachorro Pequeno, um distúrbio que costuma acometer raças menores que não possuem a liderança necessária por parte de seus donos e acabam se comportando mal.

Isso só acontece quando o dono deixa que ele mande em tudo, mas que pode ser corrigido quando o dono começar a apresentar uma liderança adequada.

Cachorros que sentem que precisam tomar a liderança no lar não são tão felizes como aqueles que seguem a liderança e os comandos de seus donos, pois é muito estressante para um cão ter que manter seus donos na linha.

Ele pode ser treinado se o dono for calmo, mas firme, consistente e paciente. Eles podem encrencar com qualquer tipo de treinamento. Motive-os com técnicas gentis e positivas.

Quando acham a recompensa certa, aprendem rápido, mas mesmo assim costumam fazer do jeito deles os comandos e truques. A comunicação adequada entre o líder humano e o cão é essencial.

Nunca demonstre afeição ou fale de forma doce quando estiverem se comportando mal; ao invés, demonstre um ar de autoridade calma, mostrando sempre que quem está no comando é você.

Saiba escolher o seu filhote

O Buldogue Francês perfeito não nasce perfeito, ele é produto da sua hereditariedade e criação. Seja lá o que você deseja dele, procure por um que tenha tido pais com boa personalidade e que tenham sido socializados desde filhotes.

Qualquer cão pode desenvolver níveis desagradáveis de latidos, cavações e outros comportamentos inadequados se estiver entediado, destreinado ou não supervisionado.

E pode ser um enorme desafio durante a sua adolescência, e no caso do Buldogue Francês, a sua “adolescência” pode começar aos 6 meses e ir até os dois anos de idade.

Compre um filhote que tenha sido criado em casa e tenha certeza de que ele foi exposto a diferentes locais e sons, assim como pessoas antes de ir para outro lar. Continue socializando-o sempre levando a casa de amigos e vizinhos, assim como a passeios públicos.

Antes de comprar um filhote, procure saber como escolher o filhote ideal e não deixe de conversar com o seu criador, descreva exatamente o que você procura em um cachorrinho, e peça ajuda para escolher um filhote.

Os criadores costumam conviver com filhotes todos os dias e podem dar excelentes recomendações uma vez que saibam um pouco sobre o seu estilo de vida e personalidade.

Cuidados & Manutenção do Buldogue Francês

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Buldogue francês tendo suas unhas cortadas pelo seu veterinário (Créditos/Copyright: “135pixels/Shutterstock”)

Comece a acostumar o seu Buldogue Francês à ser escovado e examinado desde filhote. Mecha em suas patas com frequência — os cães costumam ser sensíveis com relação às suas patas — e olhe dentro de sua boca e orelhas.

Torne essa manutenção uma experiência positiva cheia de elogios e recompensas, e assim você irá construir a base para exames veterinários e idas ao petshop mais fáceis de se lidar.

Ao checá-lo, procure por machucados, arranhões, feridas ou sinais de infecção como vermelhidão, inchaço, ou inflamação na pele, nas orelhas, nariz, boca, olhos e patas. Este rápido exame pode levar a diagnósticos mais cedo e evitar maiores problemas de saúde.

Unhas, orelhas e dentes

Escove os seus dentes 2 ou 3 vezes na semana para remover tártaro e bactéria que proliferam dentro da boca – diariamente é ainda melhor para prevenir gengivite e mau hálito e ainda evitar o caimento de dentes precoce.

Corte suas unhas uma ou duas vezes ao mês se não forem gastas naturalmente. E cheque suas orelhas uma vez por semana por sujeira, vermelhidão ou mal cheiro que possam indicar infecções.

Limpe-as semanalmente usando loção de de PH equilibrado para evitar maiores problemas.

Banhos e escovações incluídos

Buldogues Franceses são fáceis de manter e cuidar, e precisam apenas de escovações ocasionais para manter seus pelos saudáveis e brilhantes. Eles soltam pelos em moderação. Mantenha as rugas da face limpas para evitar infecções bacterianas.

E toda vez que der banhos, seque suas dobras completamente. Os banhos devem ser mensais ou quando necessários, e use sempre um shampoo adequado para manter os óleos naturais da pele e dos pelos. Quando ele estiver na época de soltar pelos, use escova de borracha para remover os pelos soltos.

Atividades & Exercícios para o Buldogue Francês

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Buldogue francês passeando na cestinha da bicicleta do seu dono (Créditos/Copyright: “buldogue-frances-atividades/Shutterstock”)

O Buldogue Francês possui exigências mínimas de exercícios, e adora corridas ao ar livre, mas não tolera climas muito quentes e úmidos. A maioria não pode nadar. Uma caminhada curta ao redor do quarteirão é mais que suficiente para as suas necessidades físicas.

Para mantê-los em boa forma, precisam se exercitar diariamente, mas de forma limitada, devido a sua tendência a exaustão – melhor pelas manhãs e noites.
Descanso suficiente é a chave para o desenvolvimento de ossos saudáveis, músculos e juntas.

Forneça sempre sombra e água fresca. O importante é dar os estímulos certos e mais adequados à raça do seu cachorro. Para entender melhor o que pode ou não pode ser feito em termos de exercícios e estímulos, é preciso saber como estimular a mente do seu cão, e ter sempre em mente quais são os cuidados básicos na hora de exercitar o seu cachorro.

Existem diversos motivos para exercitar e estimular a mente do seu cão, mas o mais importante deve ser a saúde física e mental dele, sem falar que um cachorro saudável pode viver por muito mais tempo.

Saúde do Buldogue Francês

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Buldogue francês na praia (Créditos/Copyright: “atryk Kosmider/Shutterstock”)

Sabe-se que cada raça de cachorro tem predisposição a determinadas doenças. O Buldogue Francês não passa ileso a essa regra, infelizmente. Isso, porém, não significa que todos os indivíduos da raça terão as doenças que serão descritas no artigo, e sim que há chance de desenvolvê-las no decorrer da vida.

Para quem compra ou adota um cachorro de uma raça específica, ajuda muito já conhecer os riscos.

É muito importante, também, comprar cães de criadores éticos e responsáveis. Procure sempre conhecer, portanto, o trabalho do criador e os pais do seu filhote. Verifique se os pais possuem alguma doença que possa ser eventualmente transmitida à próximas gerações. Questione o criador sobre isso.

Fatores anatômicos do Buldogue Francês

Primeiramente, o Buldogue Francês, assim como o Pug, Shih Tzu, Boston Terrier, Buldogue Inglês, é uma raça braquicefálica, ou seja, possui focinho curto. Portanto, já por causa desta característica, cães desta raça são predispostos à chamada síndrome braquicefálica. Trata-se de múltiplas anormalidades anatômicas comumente encontradas em cães braquicefálicos.

Estas anormalidades incluem narinas estenóticas, palato mole alongado, sáculos laríngeos evertidos, colapso laríngeo e em algumas raças, traquéia hipoplásica.

Essas irregularidades impedem o fluxo de ar através das vias aéreas superiores, causando uma sintomatologia clínica característica, ou seja, respiração ruidosa, cianose e, em casos mais graves, síncope.

O fato do nariz da raça ter sido reduzido ao longo dos anos, prejudicou gravemente o seu funcionamento. Para o cão, a redução drástica da respiração nasal significa a perda do seu principal órgão termorregulador.

Isso impede que liberte o calor corporal em quantidade suficiente, levando a um aumento da temperatura corporal interna, passível de produzir colapso e morte. É por estes motivos que companhias aéreas não costumam aceitar embarque com cães braquicefálicos.

Distúrbios ligados à característica das raças braquicefálicas

Estenose das narinas

Estenose das narinas, ou seja, estreitamento das narinas, é um dos fatores que provocam problemas respiratórios em cães. Dependendo do caso, a correção cirúrgica é possível.

Palato alongado

Todos os cães braquicefálicos tem o palato mole alongado. Porém, em uma parcela deles, este alongamento causa mal estar e diminui a qualidade de vida, promovendo ronco, falta de ar e desmaios.

A entrada da porção alongada do palato mole na laringe, durante a inspiração, interfere no movimento de passagem do ar para a traqueia. Quando ocorre a estenose de vias aéreas, a severidade da dispneia aumenta, pois a resistência do ar causada por este estreitamento reduz a passagem de ar.

Em geral, o cachorro com este problema pode engasgar facilmente, apresentar vômitos, dificuldade de deglutição, ruídos respiratórios, baixa tolerância ao exercício e, ocasionalmente, falta de ar. Casos mais severos, entretanto, podem incluir desmaios com ou sem cianose.

Por esta razão, os Buldogues roncam e possuem os chamados “espirros em reverso”, uma inalação rápida e repetida forçada através do nariz, acompanhada de sons de engasgo e ronco usados para limpar o palato de muco.

Os sinais acentuam-se principalmente durante o estresse, cansaço, no aumento da atividade física e em temperaturas elevadas. Por se tratar de um problema congênito, os sintomas podem se manifestar no animal ainda jovem. A correção do prolongamento de palato se dá de forma cirúrgica.

Hipoplasia traqueal

Como mencionado anteriormente, a traquéia do cão braquicefálico pode ser mais estreita em alguns pontos.

Por este motivo, o risco anestésico é maior do que o normal nessas raças. A anestesia indicada para cães braquicefálicos é, portanto, a inalatória. Isso porque o processo anestésico pode ser interrompido a qualquer momento pelo veterinário anestesista, diminuindo muito os riscos.

Hipertermia

Para o cão, a redução drástica da respiração nasal significa a perda do seu principal órgão termorregulador, impedindo-o de libertar o calor corporal em quantidade suficiente. Isso pode levar a um aumento da temperatura corporal interna, o que pode, por sua vez, induzir colapso e morte.

Cães braquicefálicos, como o Buldogue Francês são, portanto, os principais candidatos a sofrerem “ataques de calor”. Por isso, o tutor de um cão desta raça deve tomar cuidado a fim de não deixar o cão ficar muito acima do peso ou fechado em ambientes abafados nos climas mais quentes.

Problemas oculares

O achatamento do focinho leva a protusão ocular. Ou seja, os olhos ficam mais à superfície, mais expostos a ficarem secos ou a sofrer ulcerações. Em casos graves, as pálpebras são incapazes de fechar e lubrificar os olhos.

Os problemas oculares mais comuns em Buldogues Franceses são os seguintes:

Úlcera de Córnea

Ocorre quando a superfície transparente do olho, a córnea, é gravemente ferida. Cães com este distúrbio tendem a piscar os olhos repetidamente e manter um deles sempre fechado.

Catarata

Buldogues Franceses têm predisposição ao desenvolvimento de catarata juvenil. Ou seja, podem apresentar esta condição cedo, por volta dos 2/3 anos de idade.

Cherry Eye

Conhecido na veterinária como prolapso da glândula da terceira pálpebra. É uma anormalidade que pode acontecer em qualquer cão, sendo, sem dúvida alguma, o problema oftalmológico que mais acomete os buldogues franceses.

Ocorre por flacidez dos ligamentos que sustentam a glândula da terceira pálpebra, principalmente, em filhotes. Desta forma, a glândula sai e fica exposta. A correção é cirúrgica.

Distúrbios bucais

Doenças periodontais costumam aparecer antes em raças braquicefálicas do que em outras. Isso porque o cão braquicefálico também tem 42 dentes, mas muito menos espaço para eles. Ou seja, o espaçamento entre os dentes costuma ser menor, o que facilita o acúmulo de alimento e bactérias entre eles.

Doença Periodontal

A doença periodontal é o distúrbio mais comum da cavidade oral de cães, principalmente de pequeno porte. Inicia-se por acúmulo de bactérias na superfície dos dentes e progride até os tecidos de sustentação que formam o periodonto, que são gengiva, osso alveolar, cemento e ligamento periodontal.

O principal sinal clínico observado pelo proprietário é a halitose. Dependendo do estágio da doença periodontal, esta pode conduzir a conseqüências locais e sistêmicas, como: inflamação e sangramento da gengiva, presença de tártaro, mobilidade dos dentes, salivação excessiva, dentre outras.

Além disso, pode levar à perda dos dentes e pode comprometer o coração, pulmão, fígado, rins e outros órgãos vitais.

A melhor forma de prevenir esta doença é, portanto, utilizar alimentos, brinquedos e cremes dentais específicos. Todavia a escovação diária dos dentes é o método mais eficaz para remover a placa bacteriana e manter a saúde clínica do animal.

Problemas ortopédicos

Luxação de Patela

Um dos distúrbios ortopédicos mais comuns no Buldogue Francês, é certamente a luxação de patela. Trata-se de deslocamento da patela (ou rótula) de sua posição anatômica normal, que fica no sulco troclear do fêmur, durante a fase de crescimento e adulta dos cães.

A causa pode ser congênita ou traumática. Acredita-se que a causa da luxação medial de patela, ou seja, na direção interna do joelho em cães de raças toy ou de raças pequenas, seja hereditária.

Em caso de luxação da rótula, a pata afetada poderá elevar-se do solo, ou seja, o pet irá tirar o pé do chão. Esse sinal geralmente costuma aparecer por volta dos 4 meses de idade. As fêmeas são mais afetadas do que os machos.

Displasia coxofemoral

A displasia coxofemural é um distúrbio mais comum em cães de grande porte, que tem crescimento muito rápido. Trata-se de uma instabilidade causada pela alteração no acetábulo, colo e cabeça do fêmur.

Hereditariedade e o ambiente em que o cachorro vive influenciam, certamente, o surgimento da enfermidade. Por ser transmitido geneticamente, machos e fêmeas que tenha esse problema de saúde não são recomendados para reprodução.

O animal pode começar a desenvolver essa complicação ainda quando jovem. Normalmente surge entre quatro meses e um ano de idade.

Hemivértebra

Certamente, uma das condições mais comuns em Buldogues Franceses. A hemivértebra é uma malformação da coluna que afeta principalmente raças pequenas, braquicefálicas e com a cauda torcida.

O animal que nasce com essa malformação pode apresentar dor à palpação no nível da hemivértebra. A etiologia dessa anomalia congênita é desconhecida, mas pode ter alguma base hereditária. Essa malformação pode causar compressão de medula, escoliose, lordose e cifose. É uma condição muito dolorosa.

Síndrome de Cushing

Esta doença, também chamada de Hiperadrenocorticismo, afeta principalmente cachorros mais idosos. Entretanto, existem relatos em cachorros jovens. Os sintomas são muito semelhantes aos de outras doenças endócrinas pois provoca letargia, aumento da frequência com que o cachorro urina e aumento da ingestão de água.

Entretanto, um sinal muito característico desta doença é a distensão abdominal, ou seja, o cachorro fica com o abdômen bem arredondado. O seu médico veterinário precisa realizar algumas provas complementares, como a análise sanguínea, para chegar a um diagnóstico.

Intertrigo

Intertrigo é o nome dado ao distúrbio causado pelo atrito de dobras cutâneas. Acomete as regiões de pregas e dobras cutâneas, tais como as pregas da face dos cães braquicefálicos (Pug, Pequinês, Bulldog, Boxer) ou pregas labiais, peri-vulvares, caudais, axilares, inter-mamárias ou de outras regiões corpóreas em raças que possuem excesso de pele.

O atrito entre as dobras, a umidade acumulada entre elas, a pouca exposição ao ar e sol destas, podem acabar causando a infecção. O Buldogue Francês apresenta dobras cutâneas em dois pontos do corpo: base da cauda e focinho.

  • Dermatite da dobra caudal – ocorre na base da cauda graças ao excesso de pele é cauda curta ou enrolada. Pode formar ulceração na pele, sendo muito dolorosa. Além disso, esta pode vir a ser contaminada pela flora fecal e causar infecções. Em casos severos, é preciso, portanto, amputá-la. Em casos mais brandos, é importante manter a área limpa para garantir o conforto do cão.
  • Dermatite da dobra facial (ou nasal) – O Buldogue Francês possui pregas de pele no focinho, o que gera um habitat ideal para proliferação bacteriana, pois é úmido, quente e protegido da luz.

Alergia Alimentar

As alergias alimentares constituem a terceira causa de doenças dermatológicas caninas, vindo depois das alergias a pulgas e da dermatite atópica (uma doença genética que envolve o sistema imunológico).
Dentre as raças mais suscetíveis às alergias, destacam-se: Shar-Pei, Pastor alemão, Golden retriever, Boxer, West Highland White terrier e Bull terrier, além dos Buldogues inglês e francês.
Cães com hipersensibilidade alimentar apresentam sinais de prurido intenso e pele avermelhada.

Outras observações

Claramente, o Buldogue Francês, assim como todos os outros cachorros, pode desenvolver outras doenças ao longo da vida, mesmo não tendo predisposição racial.

O acompanhamento do médico veterinário, assim como conhecer bem seu próprio cachorro, é essencial para detectar precocemente a presença de alguma patologia.

Buldogues Francêses podem viver cerca de 08 a 12 anos, o que não quer dizer que eles não possam viver por mais tempo. Na verdade, qualquer cachorro pode estender a sua longevidade canina desde que se tomem os devidos cuidados com a sua saúde.

(Correções e revisões feitas pelo médico(a) veterinário(a) Dra. Valentina Vecchi, CRMV/SP:21838)

Treinamento do Buldogue Francês

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Buldogue francês deitado no gramado com sua bolinha (Créditos/Copyright: “Kwiatek7/Shutterstock”)

Ao treinar o Buldogue Francês, leve em consideração que embora ele seja inteligente e ávido para agradar, também são muito independentes. O que significa que são teimosos.

O Buldogue francês pode não se destacar em obediência nos ringues de competições mais populares, mas é capaz de aprender e nunca mais esquecer.

Muitas técnicas diferentes de treinamento podem dar certo com esta raça, por isso não desista se algum método não der certo logo de primeira; apenas tente outra técnica.

Para chamar a atenção dele e prender o seu interesse, tente fazer com que o treinamento pareça com um jogo, com recompensas e diversão. Ele aprenderá melhor através de sessões de treinamento divertidas que envolvam repetição e técnicas de esforço positivo, elogios e recompensas.

Quando o treinamento é divertido, ou seja, mistura técnicas de adestramento com diversão, o resultado é sempre muito mais positivo. Algumas dicas de como se divertir exercitando o seu cachorro poderão ajudar você a treiná-lo brincando.

Treinamento da caixa é necessário

É importante também treinar o seu filhote como métodos da caixa se planeja lhe dar liberdade pela casa quando adulto. Não importa a raça, os filhotes costumam explorar, ir a lugares que não devem, mastigar coisas, etc.

Considere o treinamento da caixa se precisar adaptar o seu cão a um ambiente seguro e confinado. Por razões de segurança e conforto. Consistência é importante, mas o Buldogue Francês é altamente sensível ao tom de voz do seu dono, fazendo com que o treinamento seja um processo simples.

Ele é inquisitivo e rápido para aprender tarefas simples, mas imprevisível. Mesmo sendo uma raça forte, eles não gostam de métodos severos ou duros demais, e precisam de um treinador paciente.

O treinamento deve ser feito com firmeza, paciência, consistência, elogios e recompensas. É importante conhecer o seu cão e entender quais são as atividades preferidas do cachorro. Ensinar o seu filhote a sentar, deitar e ficar no lugar é vital para o seu treinamento.

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(Correções e revisões feitas pelo médico(a) veterinário(a) Dra. Valentina Vecchi, CRMV/SP:21838)

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